domingo, 9 de novembro de 2014

SOBRE O ÓDIO QUE RETORNA

Entender as razões que levam alguém a fazer algo não significa concordar que esse alguém está certo. Há pessoas que se tornam amargas e cruéis com os outros, porque os outros foram amargos e cruéis com elas (não necessariamente os mesmos outros). Eu entendo a razão que as leva a ficar assim, mas não concordo que por causa disso todo mundo tem que aceitar esse ódio sem questioná-lo. 

Recentemente, uma garota com quem tentei estabelecer um diálogo, com toda educação e cordialidade possível, e, tenho certeza, sem usar nenhum argumento ou palavra misógina - pois ela mesma, ao "apontar o dedo na minha cara", não apresentou esse como um dos pretensos motivos dessa reação - me tratou como um opressor, argumentando apenas que eu era "um homem tentando falar por ela", uma vez que eu me apresentei falando das minhas pesquisas sobre masculinidade, e argumentando que questionar os ideias de masculinidade era um caminho importante pra que mulheres, gays, travestis e transexuais sejam cada vez menos oprimidos.

A interação foi online. Primeiro num post da linha do tempo dela. No qual ela deslegitimou de forma abrupta e violenta meu trabalho de pesquisa sem me conhecer e sem conhecê-lo. Então mandei uma mensagem privada para ela, tentando contar um pouco sobre meu trabalho. Ela respondeu de forma extremamente grossa e me bloqueou imediatamente. Depois disso, ainda tentei um último contato online, alguns meses depois, mandando uma mensagem para ela via outro canal, falando que nós tínhamos nos desentendido e que eu gostaria de conversar um pouco com ela pra conhecer melhor os motivos dela. Ela (que nem se lembrava mais do caso) simplesmente respondeu que não tinha interesse nenhum de conversar comigo.

Eu me sinto muito, muito mal toda vez que vejo algo a respeito dela (temos amigos e fazemos parte de universos comuns). Nessas ocasiões, eu sempre a elogio, porque reconheço que ela tem um trabalho muito importante dentro do feminismo.

Não sou a vítima. Mas também busco não ser opressor. Queria apenas que fosse possível não ser visto sempre dessa forma.

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