Hoje o Domingo Show (Rede Record) apresentou a história de um menino pobre que aprarece num desses vídeos bonitinhos da Internet, mostrando ser um grande fã do Hulk. Dentro da lógica cis-têmica, os meninos são incentivados a ser tornarem fãs de super-heróis, como Hulk, Wolverine, Homem-Aranha e Batman. Já as meninas são incentivadas a se tornarem fãs de princesas, como Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel e Elsa.
Esses modelos de masculinidade e feminilidade oferecidos às crianças são muito significativos. A figura do super-herói tradicionalmente representa a força, a coragem e a virilidade. Já a princesa tradicionalmente representa a beleza, a doçura e a fragilidade.
O feminismo, principalmente a partir da década de 1960, tem lutado para que as mulheres sejam representadas de uma forma diferente. E essa luta tem alcançado grandes avanços. Hoje as princesas não seguem mais o modelo tradicional. Elas estão se tornando também super-heroínas. Rapunzel e Elsa, apesar da beleza e da doçura, não são nada frágeis, mas sim donas de superpoderes. Merida, além de não ser frágil, também não é doce e nem liga para beleza. Apesar de não ter super-poderes, ela é uma grande arqueira. Há modelos fortes tanto para meninas que se identificam com os ideais de beleza e doçura, quanto para as que não se identificam com nada disso.
Mas e no caso dos meninos? Há mudanças na forma como os modelos de masculinidade têm aparecido? Os heróis tem se tornado também príncipes? Elementos como a doçura e a fragilidade têm entrado na constituição desses personagens? Os meninos que se vêem frágeis e doces, e não fortes e viris, têm encontrado modelos a partir dos quais possam se identificar? Curiosamente, o Hulk, com sua força descomunal, é um bom exemplo de que as coisas também estão começando a mudar desse lado. A caracterização do personagem nos novos filmes da Marvel tem explorado bastante o lado sensível e frágil do herói.
Parte do movimento feminista tem defendido que não adianta apenas alterar os ideias de feminilidade, sem fazer o mesmo com os de masculinidade. Nesse entendimento, para que o machismo acabe, não é necessário apenas que as mulheres possam se ver como fortes, mas também que os homens possam se ver como frágeis.
Apesar dos homens se beneficiarem da dominação masculina, o machismo também os afeta. Todo homem passa por intensas torturas psicológicas e conflitos internos por ter que ser o tempo todo forte, corajoso e viril. Os que não conseguem se adequar a esses ideias sofrem desprezo, violência psicológica e, às vezes, física ao longo de toda a vida.
Apesar dos homens se beneficiarem da dominação masculina, o machismo também os afeta. Todo homem passa por intensas torturas psicológicas e conflitos internos por ter que ser o tempo todo forte, corajoso e viril. Os que não conseguem se adequar a esses ideias sofrem desprezo, violência psicológica e, às vezes, física ao longo de toda a vida.
Sem ideais de masculinidade diferentes para os meninos, não só esses desviantes se sentem perdidos e sozinhos, como os outros continuam os vendo como desviantes e, por isso, sentindo-se superiores a eles.
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