segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O MELODRAMA DE VOLTA EM BOOGIE OOGIE

Estava com saudade de novelas que retratam grandes conspirações do destino, uma das características principais do melodrama, linguagem tradicional das telenovelas. Boogie Oogie trouxe com maestria esse elemento para seu primeiro capítulo.

Sandra (Ísis Valverde) e Vitória (Bianca Bin) foram trocadas na maternidade. Mas o destino faz de tudo para cruzar o caminho das duas mais vezes. Um dia antes do casamento de Sandra, sua irmã pestinha joga café em seu vestido de noiva e ela sai desesperada para comprar vinagre para tirar a mancha, porque o seu havia acabado, e todo mundo em sua casa estava ocupado. Mas é jogo do Brasil na Copa de 1978, e o mercado está fechado. Então ela se depara com Rafael (Marco Pigossi), o namorado de Vitória, que havia acabado de brigar com ela, e ele se apaixona à primeira vista.

No dia seguinte, o avião de Rafael e o táxi no qual estava Alex (Fernando Belo), noivo de Sandra, estragam ao mesmo tempo, e o avião cai ao lado do táxi. Se o táxi não tivesse estragado minutos antes, por outro motivo, ele não teria estragado novamente no local exato onde o avião do outro cairia. Alex salva Rafael, mas morre em seguida devido à explosão do avião. E tudo isso ocorre ao mesmo tempo em que Susana (Alessandra Negrini), que fez a troca das meninas, volta ao Brasil.

Essas grandes conspirações do destino, em que absolutamente tudo acontece de modo a aproximar os pares românticos e corrigir os erros do passado são extremamente exageradas sim, mas também são apaixonantes! Pensar que existem forças superiores atuando pra que tudo saia exatamente como tem que sair é muito empolgante, e uma das características mais tradicionais das novelas, que vem sido menos utilizada com o tempo. É muito bom ver tudo isso de volta!

Mas a novela também é contemporânea em relação a outros elementos. Produção sofisticada, com uma cenografia impecável. Até refrigerante Crush, que a minha mãe reconheceu imediatamente na cena da briga de Vitória e Rafael. Em 1978, minha mami poderosa tinha 25 anos, e poderia muito bem ser uma daquelas pessoas bebendo Crush no bar. A montagem também foi excelente, começando com o acidente e voltando em seguida pro dia anterior.

A abertura é incrivelmente boa, e a trilha sonora também promete (aliás, esse tem sido um ponto alto de várias novelas atuais, como Império e O Rebu).

O texto também foi muito bom, com falas como a de Carlota (Giulia Gam): "A festa é hoje, não é em 2014 não" (Viva à metalinguagem nas novelas! Elemento novo que tem sido cada vez mais explorado), a de Alex: "Só a morte vai me impedir de me casar amanhã" e a de Pedro (José Loreto) para Alex: "Não vai haver casamento, sabe porquê? porque o destino tá contra você".

A personagem Claudia (Giovanna Rispoli) também promete como um vilã mirim hilária.

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