Tenho visto cada vez mais o quanto é importante fazermos uma separação entre “sexo biológico”, “identidade de gênero”, “performance de gênero” e “orientação sexual”, porque cada uma dessas categorias se refere a um aspecto diferente da questão da diversidade sexual.
As sexualidades das pessoas são como palavras de um texto: cada uma tem uma fonte, um tamanho, uma cor, e uma formatação (negrito, itálico, etc.), e cada uma dessas características é independente das demais.
As sexualidades das pessoas são como palavras de um texto: cada uma tem uma fonte, um tamanho, uma cor, e uma formatação (negrito, itálico, etc.), e cada uma dessas características é independente das demais.
O “sexo biológico” define com que características relacionadas ao dimorfismo sexual da espécie humana o indivíduo nasceu. Esse dimorfismo está relacionado à cadeia cromossômica do indivíduo. Nesse sentido, uma pessoa pode ser “macho”, “fêmea” ou “intersexual”. “Macho” é a pessoa que nasceu com um pênis padrão. Essa pessoa tem um cromossomo X e um cromossomo Y. “Fêmea” é a pessoa que nasceu com uma vulva padrão. Essa pessoa tem dois cromossomos X e nenhum cromossomo Y. “Interssexual” é a pessoa que nasceu com um pênis fora do padrão, ou com uma vulva fora do padrão. Essa pessoa nasceu com um clitóris muito grande em relação aos clitóris padrão (no caso de pessoas com dois cromossomos X e nenhum cromossomo Y), ou com um pênis muito pequeno em relação aos pênis padrão (no caso de pessoas com um cromossomo X e um cromossomo Y), ou com um pênis e uma vulva (no caso de cadeias cromossômicas com características que não se inserem em nenhum dos dois tipos de padrão).
A “identidade de gênero” define como a pessoa se autoidentifica. Nesse sentido, uma pessoa pode ser “mulher”, “homem” ou “neutra”. “Mulher” é a pessoa que normalmente se sente pertencente à mesma categoria das outras pessoas que se apresentam como mulheres. “Homem” é a pessoa que normalmente se sente pertencente à mesma categoria das outras pessoas que se apresentam como homens. “Neutra” é a pessoa que normalmente não se autoidentifica a partir de categorias de gênero
A “performance de gênero” define como uma pessoa se comporta e que tipo de aparência ela apresenta. Nesse sentido, uma pessoa pode ser “feminina”, “masculina”, “queer”, ou “andrógina”. “Feminina” é ê pessoa que normalmente aproxima sua aparência e seus comportamentos de um ideal de feminilidade. “Masculina” é a pessoa que normalmente aproxima sua aparência e seus comportamentos de um ideal de masculinidade. “Queer” é a pessoa que normalmente aproxima alguns elementos de sua aparência e de seus comportamentos de um ideal de feminilidade e outros de um ideal de masculinidade. “Andrógina” é a pessoa cuja aparência e comportamentos normalmente não se aproximam de nenhum desses ideais.
A “orientação sexual” define por que tipo de pessoas o indivíduo se sente sexualmente atraído. Ela tem a ver com a “performance de gênero” dessas pessoas. Nesse sentido, uma pessoa pode ser “homossexual”, “heterossexual”, “bissexual” ou “pansexual”. “Homossexual” é o “homem” que normalmente se sente sexualmente atraído por pessoas “masculinas” e também a “mulher” que normalmente se sente sexualmente atraída por pessoas “femininas”. “Heterossexual” é o “homem” que normalmente se sente sexualmente atraído por pessoas “femininas” e também a “mulher” que normalmente se sente sexualmente atraída por pessoas “masculinas”. “Bissexual” é a pessoa que normalmente se sente sexualmente atraída tanto por pessoas “masculinas” quanto por pessoas “femininas”. “Pansexual” é a pessoa que normalmente se sente sexualmente atraída por outras pessoas, independentemente de sua “performance de gênero”.
Ademais, há duas relações entre essas categorias que também precisam ser entendidas. A relação entre “sexo biológico” e “identidade de gênero” e a relação entre “sexo biológico” e “performance de gênero”. Quando um “macho” se autoidentifica como “mulher”, ou quando uma “fêmea” se autoidentifica como “homem”, essa pessoa é “transsexual”. Quando um “macho” se autoidentifica como “homem”, ou quando uma “fêmea” se autoidentifica como “mulher”, essa pessoa é “cissexual”. Quando um “macho” é “feminino”, ou quando uma “fêmea” é “masculina”, essa pessoa é “transgênero”. Quando um “macho” é “masculino”, ou quando uma “fêmea” é “feminina”, essa pessoa é “cisgênero”.
Há denominações alternativas que, no entanto, carregam uma carga grande de preconceito. Uma delas é a de “travesti”, que se refere aos machos transgêneros. Outra é “afeminado”, que se refere aos machos femininos (e, portanto, transgêneros) ou queers. Essa denominação é especialmente problemática por que aponta a feminilidade como algo desviante para o macho. Ainda mais uma é “hermafrodita”, que se refere aos interssexuais que nasceram com um pênis e uma vulva. Outras denominações alternativas não carregam a mesma carga de preconceito, como os termos “gay”, para se referir a homens homossexuais, e “lésbica”, para se referir a mulheres homossexuais. Já os termos “viado” e “sapatão”, que têm a mesma finalidade, também carregam grande carga de preconceito.
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