Eu proponho um modelo de relação em que nós dois teríamos acesso livre aos nossos corpos e a nossas mentes. Poderíamos tocar o corpo do outro com qualquer parte do nosso próprio corpo, desde que o outro aceitasse esse toque. Poderíamos perguntar qualquer coisa que quiséssemos saber e falar qualquer coisa que viesse à nossa mente. Não haveria necessidade de certeza sobre o que estivéssemos falando, pois seriam ideias que ainda estariam sendo processadas por nossos pensamentos, um junto com o outro. Por outro lado, não haveria necessidade de falar nada que não saísse naturalmente.
Eu proponho um modelo de relação em que não teríamos nenhuma obrigação um com o outro, a não ser buscar agradá-lo e cativar a confiança dele. Cada um de nós seria livre para sair pela porta quando quisesse, para se envolver em qualquer tipo de relação com outras pessoas e para cometer os erros que nos dessem na telha. Da outra pessoa, não partiriam cobranças, mas compreensão e apoio. E não haveria insegurança ou ciúmes, porque se saberia que a relação só valeria a pena enquanto o outro voltasse por conta própria.
Eu proponho um modelo de relação em que cada um de nós ofereceria ao outro o corpo e a alma que tem. Nessa relação, não haveria motivos para sermos homem ou mulher, penetrante ou penetrado, heterossexual ou homossexual. Eis os nossos corpos e nossas almas: com suas peculiaridades e potencialidades, sejam elas quais forem. O que nos atrairia seria o desejo inexplicável, inteligível e impalpável de estar junto, de corpo e de alma.
Eu proponho um modelo de relação em que não haveria roteiros, nem protocolos, nem prazos, nem metas, nem culpas... Se não estamos com vontade de fazer, não façamos. Se desse jeito não está bom, tentemos de outro. Se não está dando certo de jeito nenhum, então não tentemos mais: é porque a relação completa não chegou a existir, mas a tentativa certamente valeu a pena.
Eu proponho um modelo de relação em que cada um se chamaria de comparsa. Porque é isso que cada um de nós seria para o outro: um cúmplice, um amigo, um irmão. Nos sentidos mais profundos e puros das palavras, despidos de toda convenção social existente e criando novas. Reinventando o mundo e suas instituições deficientes e impotentes.
Utopia? Talvez. Certo é que nao é facil planejar um relacionamento. Voce fala em "nao ter protocolos" mas ai foram descritos varios. O protocolo de nao ter protocolos é um deles. Um pouco complexo, sim. Mas sentimentos e relacionamentos nao podem ser planejados. Muitos tentam, mas fatalmente acabam falhando. Relacionamento se constroi no dia a dia. Nao sao apenas os sentimentos que sustentam o relacionamento, mas tambem a forma de se relacionar que sustenta os sentimentos. E isso é construido dia apos dia.
ResponderExcluirMas excelente texto e discussao levantada, Van. Falemos mais de sentimentos, de relacionamentos.
Abraços!
Lindo Van. Inspirador.
ResponderExcluir