A única forma como podemos acessar o nosso eu é vendo-o através do outro. As pessoas com as quais convivemos funcionam pra nós como espelhos. Só através delas podemos nos autoavaliar e receber os parâmetros necessários para descobrir se estamos ou não adequados às expectativas sociais existentes em relação a nós. Axel Honneth, através de sua teoria do reconhecimento, acredita que cada indivíduo precisa de um conjunto de respostas dos demais para se afirmar enquanto pessoa. O reconhecimento seria a confirmação do outro de que nós estamos aptos à convivência social.
Honneth distingue três níveis de reconhecimento: o amor, o direito e a estima. O amor diz respeito às formas elementares de afeto. A corporeidade, a sexualidade, o carinho e o cuidado estão ligados a ele. O direito refere-se à existência de uma posição de equivalência em relação aos demais indivíduos. Ele é alcançado a partir do momento em que somos tratados de forma equânime àqueles que convivem conosco. A estima seria o inverso: contemplaria a posse de qualidades que tornam cada indivíduo único, e, portanto, especial e necessário a uma comunidade.
O reconhecimento envolve uma expectativa por parte dos indivíduos. Estamos permanentemente demandando reconhecimento dos outros. Mas frequentemente ocorrem violações em nossas expectativas por reconhecimento. Tais violações podem ser de dois tipos: negativas ou positivas. As violações negativas dizem respeito à ausência pura de demonstrações de reconhecimento. No caso do amor, por exemplo, uma violação negativa seria uma mãe que nunca afaga o filho. As violações positivas por outro lado, referem-se à existência de um comportamento inverso ao esperado, como o de uma mãe que espanca o filho.
O amor, nível de reconhecimento mais elementar, pode ser divido entre três diferentes formas: o amor familiar, o amor-amizade e o amor sexual. O amor familiar é aquele que demandamos dos primeiros indivíduos aos quais temos acesso em nossa trajetória de vida, como nossos pais, tios, avós e irmãos mais velhos. Mais tarde, o mesmo tipo de reconhecimento passa a ser demandado de nós por nossos filhos, sobrinhos, netos e irmãos mais novos. Nesse momento, acabamos por demandar também deles o mesmo tipo de reconhecimento que lhes oferecemos. Isso porque o reconhecimento implica reciprocidade: o sujeito que reconhece o outro também demanda reconhecimento dele. O amor familiar está ligado principalmente ao cuidado e ao carinho.
O amor-amizade é aquele que passamos a demandar dos indivíduos com os quais temos contato a partir do momento que nos afastamos de nossos familiares. São os vizinhos, colegas de escola, de trabalho ou de lazer. Esse tipo de amor está ligado ao companheirismo e à cumplicidade. Uma violação positiva desse tipo de amor seria o bullying. O amor sexual, por sua vez, é demando por nós em relação àqueles que nos atraem sexualmente. Ele está ligado às carícias, estímulos e ao sexo propriamente dito. O estupro seria uma violação positiva desse tipo de amor.
Cada um desses tipos de amor não é exclusivo. Possíveis combinações dessas expectativas por reconhecimento são feitas por nós em relação a cada pessoa com a qual convivemos, de acordo com as especificidades da relação. Duas pessoas casadas, por exemplo, geralmente esperam uma do outra todas essas três formas de amor.
O ato de reconhecer o outro implica enxergar nele determinadas características que lhe tornam apto para ser reconhecido. No caso do amor familiar, por exemplo, o reconhecimento geralmente envolve um laço biológico: uma vez que fulano é filho biológico de sicrana, então provavelmente sicrana lhe dará amor familiar. No amor-amizade, as afinidades constituem o critério elementar. Ter visões de mundo parecidas, gostar das mesmas coisas, apresentar tipos de comportamento compatíveis. Em relação ao amor sexual, por sua vez, o que está em jogo é o desejo, despertado principalmente pela aparência física e pelo performatividade de gênero.
Violações em nossas expectativas por reconhecimento, sejam elas positivas ou negativas, são extremamente nocivas à visão que temos de nós mesmos. Podem gerar profundos estados depressivos nos indivíduos, especialmente se expostos a elas por longos períodos. Essas violações são especialmente problemáticas para quem não consegue se adequar às características que poderiam lhe proporcionar o reconhecimento esperado. Um órfão, por exemplo, perde o laço biológico que tinha com seus progenitores, correndo o risco de ficar sem acesso ao amor familiar. Uma pessoa com comportamentos ou opiniões muito alternativas ou desviantes, por outro lado, pode não conseguir ter acesso ao amor-amizade. Já uma pessoa considerada feia pela maior parte das outras com quem convive tem poucas chances de alcançar o amor sexual.
Honneth distingue três níveis de reconhecimento: o amor, o direito e a estima. O amor diz respeito às formas elementares de afeto. A corporeidade, a sexualidade, o carinho e o cuidado estão ligados a ele. O direito refere-se à existência de uma posição de equivalência em relação aos demais indivíduos. Ele é alcançado a partir do momento em que somos tratados de forma equânime àqueles que convivem conosco. A estima seria o inverso: contemplaria a posse de qualidades que tornam cada indivíduo único, e, portanto, especial e necessário a uma comunidade.
O reconhecimento envolve uma expectativa por parte dos indivíduos. Estamos permanentemente demandando reconhecimento dos outros. Mas frequentemente ocorrem violações em nossas expectativas por reconhecimento. Tais violações podem ser de dois tipos: negativas ou positivas. As violações negativas dizem respeito à ausência pura de demonstrações de reconhecimento. No caso do amor, por exemplo, uma violação negativa seria uma mãe que nunca afaga o filho. As violações positivas por outro lado, referem-se à existência de um comportamento inverso ao esperado, como o de uma mãe que espanca o filho.
O amor, nível de reconhecimento mais elementar, pode ser divido entre três diferentes formas: o amor familiar, o amor-amizade e o amor sexual. O amor familiar é aquele que demandamos dos primeiros indivíduos aos quais temos acesso em nossa trajetória de vida, como nossos pais, tios, avós e irmãos mais velhos. Mais tarde, o mesmo tipo de reconhecimento passa a ser demandado de nós por nossos filhos, sobrinhos, netos e irmãos mais novos. Nesse momento, acabamos por demandar também deles o mesmo tipo de reconhecimento que lhes oferecemos. Isso porque o reconhecimento implica reciprocidade: o sujeito que reconhece o outro também demanda reconhecimento dele. O amor familiar está ligado principalmente ao cuidado e ao carinho.
O amor-amizade é aquele que passamos a demandar dos indivíduos com os quais temos contato a partir do momento que nos afastamos de nossos familiares. São os vizinhos, colegas de escola, de trabalho ou de lazer. Esse tipo de amor está ligado ao companheirismo e à cumplicidade. Uma violação positiva desse tipo de amor seria o bullying. O amor sexual, por sua vez, é demando por nós em relação àqueles que nos atraem sexualmente. Ele está ligado às carícias, estímulos e ao sexo propriamente dito. O estupro seria uma violação positiva desse tipo de amor.
Cada um desses tipos de amor não é exclusivo. Possíveis combinações dessas expectativas por reconhecimento são feitas por nós em relação a cada pessoa com a qual convivemos, de acordo com as especificidades da relação. Duas pessoas casadas, por exemplo, geralmente esperam uma do outra todas essas três formas de amor.
O ato de reconhecer o outro implica enxergar nele determinadas características que lhe tornam apto para ser reconhecido. No caso do amor familiar, por exemplo, o reconhecimento geralmente envolve um laço biológico: uma vez que fulano é filho biológico de sicrana, então provavelmente sicrana lhe dará amor familiar. No amor-amizade, as afinidades constituem o critério elementar. Ter visões de mundo parecidas, gostar das mesmas coisas, apresentar tipos de comportamento compatíveis. Em relação ao amor sexual, por sua vez, o que está em jogo é o desejo, despertado principalmente pela aparência física e pelo performatividade de gênero.
Violações em nossas expectativas por reconhecimento, sejam elas positivas ou negativas, são extremamente nocivas à visão que temos de nós mesmos. Podem gerar profundos estados depressivos nos indivíduos, especialmente se expostos a elas por longos períodos. Essas violações são especialmente problemáticas para quem não consegue se adequar às características que poderiam lhe proporcionar o reconhecimento esperado. Um órfão, por exemplo, perde o laço biológico que tinha com seus progenitores, correndo o risco de ficar sem acesso ao amor familiar. Uma pessoa com comportamentos ou opiniões muito alternativas ou desviantes, por outro lado, pode não conseguir ter acesso ao amor-amizade. Já uma pessoa considerada feia pela maior parte das outras com quem convive tem poucas chances de alcançar o amor sexual.
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