sábado, 21 de novembro de 2020

SOBRE O CASO JOÃO ALBERTO

Quando tomei consciência pela primeira vez do assassinato de João Alberto, espancado por seguranças do Carrefour, logo reanalisei o acontecimento, ou seja, identifiquei que a raça era o motivo do assassinato. Entretanto, lendo discussões sobre esse tema na Internet, vi que muitas pessoas questionam se a raça foi um elemento relevante nesse caso.

No Brasil, temos um contexto de racismo estrutural que é necessário para a leitura de todo ato em específico. A porcentagem de negros entre os mais pobres é de 75%, e a porcentagem de negros assassinados por ano é de 73%. Isso quer dizer que existem três vezes mais pobres negros que brancos; e que três vezes mais negros são assassinados que brancos. Será que isso tudo tem a ver com a pele dessas pessoas, ou é só uma coincidência, como seria, para algumas pessoas, no caso de João Alberto?

Donna Haraway desenvolve a ideia de "sujeitos matáveis". São aqueles cujas vidas em sociedade valem menos, ou, para alguns, não valem nada. É o caso de mulheres, LGBTs, indígenas, animais de outras espécies e também dos negros. Os negros são vistos como vidas sem valor e, ao mesmo tempo, como pessoas perigosas, como ameaças. É esse contexto que nos ajuda a entender o assassinato de João Alberto.

É preciso lembrar que, também no Carrefour, em 2018, uma cadela chamada Manchinha foi morta violentamente. Além disso, em agosto, o corpo de um homem chamado Moisés foi escondido em uma loja da rede com guarda-sóis. Também é importante não esquecer que um jovem negro chamado Pedro Henrique também foi morto por um segurança do Extra, no ano passado.

Nenhum caso é isolado.

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