sexta-feira, 12 de maio de 2017

AS NOVAS TECNOLOGIAS ATRAPALHAM A VIDA OFFLINE?

Tenho visto cada vez mais forte o enquadramento de que as novas tecnologias atrapalham as experiências offline. Não concordo com ele.

Gastar tempo com tecnologias que nos transportam para mundos virtuais não é algo novo. Há décadas temos televisões e videogames, que ocupam boa parte do tempo de adultos e crianças.

A atividade de utilizar redes sociais no celular, por exemplo, em boa parte do tempo não é individual. Quando duas pessoas estão próximas uma da outra, é comum elas compartilharem de modo tradicional (offline) um vídeo ou imagem, ou comentarem o que estão lendo. Exatamente como fazemos quando vemos TV ou jogamos videogame com alguém.

Essas tecnologias servem para marcarmos eventos offline com quem dificilmente veríamos pessoalmente de outra forma, e para manter os laços fortes durante esse período de distância.

Eu, pessoalmente, não conheço nenhuma pessoa que, por causa das novas tecnologias, deixe de gostar de viajar, por exemplo, e conheço pouquíssimas pessoas que não gostam de sair com os amigos. Mas já conhecia pessoas assim antes das novas tecnologias, então não acho que elas sejam a causa.

Tenho sobrinhas adolescente e criança, e não acho que a infância, nem a adolescência delas foram menos ricas que as minhas por causa de novas tecnologias.

Tenho primas muitos novas, que já nasceram com tablets e smartphones, e nem por isso vejo elas não gostarem de brincar no chão com brinquedos tradicionais.

Sinto novas tecnologias me ajudando, e ajudando pessoas mais experientes, como minha mãe, por exemplo.

As tecnologias nos trazem muito conhecimento, permitem que a gente vivencie uma quantidade de experiências que seriam impossíveis numa vida sem elas.

Acho que o pessimismo se baseia em estereótipos de pessoas que são viciadas em jogos ou redes sociais, assim como sempre houve pessoas viciadas em tudo, como livros, por exemplo (taí uma outra boa discussão pra outro momento: porque ler livros é assim tão superior a ver séries, por exemplo?).

É claro que existem casos (talvez em número realmente preocupante) de pessoas viciadas em novas tecnologias, que precisam ser olhados com atenção, especialmente as crianças. Mas não creio que a solução para as crianças, por exemplo, seja retirar da vida dela as novas tecnologias, mas saber dosar, como é preciso dosar tudo na educação de uma criança.

O que acho equivocado é, principalmente, valer-se de esteriótipos e de casos problemáticos para generalizar um novo tipo de interação.

Nas redes sociais, por exemplo, estamos trocando ideias e construindo laços com indivíduos de uma nova maneira. Por que esse novo formato seria tão inferior assim? Ele não pode ser conjugado com o tradicional trazendo novas possibilidades e benefícios?

Historicamente, há sempre forte oposição e pessimismo em relação a novas mídias. Quando surgiu a escrita, por exemplo, acreditava-se que seria o fim da memória.

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