sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

DECIDI SAIR A FAVOR DE WALCYR CARRASCO!

Eu amo a falta de noção dele e a banana que ele dá pro politicamente correto. Adoro ele tratar do tema da gordura, por exemplo, de um jeito q ninguém nunca teve coragem de tratar numa novela: evidenciando a baixa auto-estima do gordo e o tanto que ele é zuado o tempo todo. O mundo é assim, gente: é trágico, mas também é cômico: rir de como a gente é babaca também pode ser bastante libertador.

É como personagens como a Vera Verão e a Waléria, do Zorra Total. Galera reclama de estereótipo, mas existe gente exatamente com o perfil das personagens na vida. Eu digo porque conheço. E são pessoas com uma personalidade muito engraçada mesmo. Mas eu acho legal a gente rir com e não de. E acho que essas personagens proporcionam isso.

Mais que isso: acho que é isso que as pessoas nas quais esses personagens são inspiradas fazem. Não é à toa a quantidade de gays e travestis engraçadíssimas e gordinh@s super divertidos que existem no mundo: sobra pra eles esse lugar pra serem melhor aceitos.

Encarar isso, mostrar isso e tratar disso com naturalidade, pra mim é um mérito muito maior do que ficar dando lições de moral pra população ou simular um mundo asséptico.

Esse estilo sempre acompanhou o autor, em grandes novelas como Alma Gêmea, por exemplo, quando o pessoal da pensão chamava os negros que frequentavam o local de torradinhos, e eu rachava de rir com isso. Sou racista por causa disso? Eu também morro de rir quando chamam o Félix de bicha, e grande parte do esforço da minha vida é lutar pelos direito das bicha! E sejamos justos: já teve novela que mais conseguiu conscientizar o público a favor das bicha? E isso graças à ~falta de noção~ dele de colocar a bicha como vilã, e não como herói.

É aí que tá: pra mim, há muito potencial em rir de como é retardada a situação em que alguém é descriminado por causa dessas coisas. Isso, pra mim, é positivo. Acho algo completamente diferente um homem branco hétero cis falando mal de bicha, negro e gordo (como stand ups estúpidos q existem) e os negros, as bicha e as gorda sendo mostrados se virando em situações humilhantes, mas engraçadas, que geram ternura, identificação e humanização de forma leve.

E mais: reclamam da construção psicológica de personagens como Amarylis e Eron. Acho, de fato, elas muito mais bem feitas que uma personagem como Santiago, de Avenida Brasil. É claro q elas poderiam ser melhores, mas não vejo motivo pra tanto estardalhaço. E no outro caso, não vi ninguém reclamando.

Ele tem um milhão de núcleos e personagens? Tem. Mas ele consegue cuidar de cada um deles, diferente do q acontecia em Salve Jorge, por exemplo.

Pra mim, os únicos problemas da novela são a repetição sem fim dos mesmo eventos envolvendo os personagens secundários (como os dois casais no motel) e o núcleo do Thales, q se perdeu desde o começo, com a coisa toda do cabelo da atriz. De resto, acho a novela excelente. E, curioso: ao contrário do q elogiam tanto, também não curto nada o exagero da Tatá. Adoro ela, mas ela não sabe o limite entre o engraçado e o ridículo, por isso, oscila demais entre os dois.

É isso. Atirem suas pedras: elas baterão na minha testa e na do Walcyr e voltarão pra de vocês. Bjos.

Um comentário:

  1. Achei o post ótimo, só discordo sobre a Tatá. Se é legal sair do comum, pq ela não pode fazer papel de ridículo, pra oscilarmos entre rir com ela e rir dela?

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