segunda-feira, 11 de abril de 2011

Encantado com esse cordel

Um primeiro capítulo impecável. Épico, cômico e dramático. Tudo ao mesmo tempo. Elenco de primeira. Fotografia de cair o queixo. Roteiro brilhante. Texto impecável. Cordel Encantado mostrou que veio para fazer história e dividir águas na teledramaturgia brasileira.

As autoras, Thelma Guedes e Duca Rachid, não surpreendem. Já sabíamos que elas eram geniais. Com um enredo policial, Cama de Gato, a última novela da dupla, conseguiu dar vida nova às novelas das seis, um horário que vinha entrando em decadência desde que Walcyr Carrasco havia migrado para as sete.

A linguagem poética e semi-artística das microsséries já vinha sendo apontada há tempos como um dos expoentes de qualidade na produção da Rede Globo. Pois Cordel Encantado, além de levar essa linguagem para as telenovelas pela primeira vez, ainda conseguiu melhorá-la.

Todos se admiraram e se emocionaram com Hoje é Dia de Maria e Capitu, os dois maiores sucessos do gênero, mas grande parte do público achava o texto pesado, difícil de entender. Pois Thelma e Duca fizeram um mix desse gênero, com um outro que tem sido outro expoente da produção cultural brasileira, mas no cinema: os filmes de Guel Arraes: Lisbela e o Prisioneiro, Caramuru, O Auto da Compadecida.

A linguagem leve e acessível dessas brilhantes obras (que conseguem geram uma aura ao mesmo tempo de época e de atemporalidade, e um regionalismo com o qual todos se identificam) foi misturada ao universo poético das microsséries, gerando um resultado fantástico. Das comédias de Guel Arraes poderiam também ter nascido Úrsula e Nicolau, dois dos mais fantásticos personagens da trama.

Da linguagem do cinema veio também a fotografia emocionante que fez os efeitos especiais se tornarem meros coadjuvantes, ficando, então, no lugar que lhes cabe.

Outro personagem que merece destaque é Miguézim. Nachtergaele arrasando como sempre.

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